21 setembro, 2008

Educação se aprende em casa

Educação se aprende em casa

Ariana Pereira

Apesar das inúmeras opções de métodos e instituições de ensino, pais em cenário nacional e internacional têm adotado a opção de aposentar a sala de aula e educar os filhos em suas próprias casas. Eles assumem a completa responsabilidade pelo conteúdo escolar e preparo das crianças e adolescentes até que tenham idade para cursar uma faculdade. A escolha pode, no entanto, ser polêmica no Brasil, uma vez que a Lei de Diretrizes e Bases estabelece que é “dever ‘dos pais ou responsáveis’ efetuar a matrícula dos menores a partir dos seis anos de idade, no ensino fundamental.” O casal mineiro Cleber Nunes, 44 anos, e Bernadeth Nunes, 40 anos, enfrentam a Justiça para ter o direito de educar os três filhos, Davi, Jônatas e Ana na própria residência por meio do processo chamado homeschooling. Adotar o método, porém, requer muito preparo e compromisso dos pais. No Brasil, não é reconhecido, por isso muitos que optam por essa maneira de educação o fazem no anonimato.

“A educação domiciliar é tão antiga quanto a própria família, pois em casa as crianças não só recebiam alimentação, atenção e proteção, mas também educação. Incontável número de pessoas aprendeu a ler e escrever dessa forma. A educação em casa produziu homens como Leonardo da Vinci, Wolfgang Amadeus Mozart, Albert Einstein, Blaise Pascal, Agatha Christie, C.S. Lewis. Além desses, dez presidentes dos Estados Unidos receberam educação escolar em casa”, afirma o escritor, autor do blog www.escolaemcasa.blogspot.com e defensor da prática há quase 20 anos, Júlio Severo. A consultora de ensino e especialista em Tecnologias Interativas Aplicadas à Educação, Sueli Dib, afirma que, de acordo com as últimas pesquisas da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), a educação domiciliar atende cerca de dois milhões de crianças. “Muitos pais adeptos do homeschooling, movimento que reúne um milhão de adeptos só nos Estados Unidos, optam por educar os próprios filhos em virtude do baixo nível educacional, por dificuldades de deslocamento, falta de vagas em boas escolas, quantidade excessiva de alunos em sala de aula, violência e uso de drogas, desgaste dos professores”, diz Sueli.

Incentivo

Segundo Severo, a influência de países desenvolvidos, que estimulam e protegem esse processo educacional em casa, tem feito com que a opção se torne cada vez mais presente, trazendo o assunto ao foco das discussões a respeito da educação no Brasil. Para o defensor do método, a única desvantagem dos pais que escolhem tal maneira para educar os filhos é não terem retorno ou apoio dos órgãos governamentais. “Embora os pais paguem impostos, não recebem um retorno se escolhem educar os filhos em casa. Na questão da educação, o governo só devolve os impostos, na forma de investimentos, para as escolas institucionais. A fim de solucionar essa desvantagem e injustiça, o governo tem a obrigação de dar isenção de impostos a casais que tomam sobre si a responsabilidade de educar em casa.” Severo ressalta que a preocupação com o baixo rendimento e produtividade das crianças nas instituições escolares é um dos principais fatores que levam os pais e responsáveis a escolherem a educação domiciliar. Ele afirma que, em famílias cristãs, essa opção também tem a ver com as inquietações que dizem respeito à segurança física, moral e espiritual dos filhos. “Não é preciso ser cristão, no entanto, para querer o bem-estar dos filhos.”

Sociabilidade

Para os adeptos do ensino em casa, freqüentar a escola não significa comparecer todos os dias, mas estar matriculado e ao alcance do Estado para qualquer averiguação, para fazer provas ou entregar trabalhos, segundo Sueli. “Alegam que os filhos não ficam prejudicados pela ausência da sala de aula e o convívio social é compensado por atividades extra-casa, como passeios, aprendizado de idiomas e outros. Já aqueles que são contra essa forma de educar os filhos argumentam que provoca o isolamento social, com sérios prejuízos psicológicos”, completa. Quanto às relações sociais que poderiam ser prejudicadas com a falta de freqüência escolar, Severo contesta ao dizer que a vida social da criança e do adolescente não deve se resumir às quatro paredes de uma instituição escolar. Além disso, continua o escritor, os pais, quando têm condições psicológicas, morais e espirituais, são sempre um referencial muito melhor do que professores ou colegas de classe. E quando chegar a hora de enfrentar as salas de aulas e o convívio com outros estudantes no ensino superior, o escritor é categórico: “Até lá estarão mais bem preparados.”

Auto-estima

A consultora de ensino Sueli conta que o Instituto de Educação da Universidade de Londres convidou o pesquisador Alan Thomas para a análise de cerca de cem famílias britânicas e australianas. Thomas concluiu que as crianças ensinadas em casa “têm uma grande confiança em sua capacidade de aprender, elevada auto-estima e maturidade social que com freqüência falta às crianças escolarizadas”. E continua: “não tiveram a experiência do fracasso. Quando não compreendem alguma coisa, o problema é resolvido de imediato”. “O método tradicional é centrado na figura do professor, encarregado de transmitir o conhecimento, o aluno recebe e assimila passivamente o que é transmitido e é avaliado de acordo com a quantidade de informação absorvida. No método da educação domiciliar, os pais educam e instruem os próprios filhos, de acordo com os princípios e fundamentos da moral que praticam”, diferencia Sueli.

Os valores pessoais

A história do casal mineiro Cleber Nunes, 44 anos, e Bernadeth Nunes, 40 anos, ganhou destaque nacional quando foram denunciados à Justiça depois de optarem, há mais de dois anos, por responsabilizar-se integralmente pela educação dos filhos, retirando-os de instituições de ensino. Pais de três filhos, Davi, Jônatas e Ana tiraram os garotos da escola depois que eles terminaram a 5ª e a 6ª séries do ensino fundamental. Desde então, o casal diminuiu as atividades próprias de cada um para ter mais tempo dedicado à educação dos filhos. O Ministério Público acusou Nunes e Bernadeth de abandono intelectual e determinou que os adolescentes passassem por uma avaliação para testar se foram privados de educação por meio da atitude dos pais.

Ainda que amplamente divulgada e incentivada nos Estados Unidos, a educação em casa não é bem vista pela legislação brasileira. “No Brasil, não há dados sobre famílias adeptas do homeschooling (educação domiciliar) sabe-se apenas que a maioria atua no anonimato por receio de algum tipo de represália do governo”, afirma a consultora de ensino e especialista em Tecnologias Interativas Aplicadas à Educação, Sueli Dib. A universidade norte-americana de Harvard, segundo Sueli, criou um departamento especial para atender crianças educadas por meio do método homeschooling. A consultora de ensino diz também que nos Estados Unidos o ensino em casa é visto de forma diferente, como um privilégio de pais em condições de dedicar o tempo a seus filhos, portanto os jovens são considerados responsáveis e hábeis para aprenderem sozinhos. Dessa forma, continua, foi criado o departamento na universidade para dar um suporte, pois, concluído o ensino médio, os adolescentes educados pelos próprios pais são bastante assediados por empresas de grande porte.

Para o escritor e mantenedor do site www.escolaemcasa.blogspot.com, Júlio Severo, em comparação com a educação contemporânea, o homeschooling tem duas vantagens principais: mais qualidade e o ensino de valores não abordados em sala de aula. “Já que o sistema escolar público é comprovadamente um fracasso, os pais podem se esforçar para dar aos filhos uma educação melhor em áreas deficientes nas escolas públicas. Além disso, ao passo que o sistema público de ensino deixa a criança perdida num mar de valores morais estranhos e prejudiciais, em casa os pais podem impor limites de segurança.” Enquanto no sistema público, para Severo, o governo impõe valores morais que estão em voga no senso comum, por meio do método de educação domiciliar os pais e responsáveis podem formar os filhos de acordo com a própria ética pessoal e modo de enxergar comportamentos contemporâneos, conferindo características próprias à personalidade das crianças e dos adolescentes.

Fonte: Diário da Região, São José do Rio Preto, 14 de setembro de 2008

Divulgação: www.juliosevero.com

06 setembro, 2008

Amadores superam profissionais

Amadores superam profissionais

Thomas Sowell

Quando amadores superam profissionais, há algo errado com determinada profissão.

Se pessoas comuns, sem nenhum treinamento médico, pudessem realizar cirurgias em suas cozinhas com faca de churrasco e conseguir resultados que fossem melhores que aqueles de cirurgiões operando em salas de cirurgias, toda a profissão médica estaria desacreditada.

É o que acontece com pais, sem nenhum treinamento em educação, que educam seus filhos em suas casas com resultados acadêmicos que são, consistentemente, melhores que os de crianças educadas por professores com mestrado e em escolas que custam mais de 10 mil dólares por ano – o que equivale a mais de um milhão de dólares para se educar 10 crianças, da primeira série do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio.

Apesar disso, continuamos a levar a sério as pretensões de educadores que fracassam em suas ações de educar, mas que se inflam com ares de “especialistas profissionais” cujo conhecimento supostamente vai muito além dos simples pais.

Um dos exemplos mais difundidos e dramáticos de amadores superando profissionais tem acontecido em economias com planejamento central feito por pessoas de alto grau de instrução, que têm a seu dispor especialistas e vasta quantidade de dados estatísticos, que não estão disponíveis a cidadãos comuns e que, provavelmente, seriam para eles incompreensíveis.

Esperava-se muito das economias com planejamento central. Seus primeiros fracassos foram postos de lado como “dores de crescimento” de “uma nova sociedade”.

Mas quando, por décadas, essas economias permaneceram muito atrás das economias de mercado, eventualmente, mesmo os governos comunistas e socialistas começaram a liberar suas economias de muitos – senão de todos – os controles governamentais criados pelo planejamento centralizado.

Quase invariavelmente, então, essas economias se deslancharam com um crescimento econômico muito maior – China e Índia sendo os exemplos mais proeminentes.

Mas observe as implicações do fracasso do planejamento central e o sucesso de deixar “o mercado” – isto é, milhões de pessoas que estão longe de serem especialistas – tomar as decisões sobre o que produzir e por quem.

Como podem pessoas com pós-graduação, pessoas protegidas pelo poder de governo e que dispõem de todo tipo de especialistas com quem contar, fracassar em fazer algo tão bem quanto a massa de pessoas que são, rotineiramente, desdenhadas pelos intelectuais?

Qual seria a razão? E, será que essa razão se aplica em outras áreas além da economia?

Uma razão facilmente compreensível é que os planejadores centrais na época da União Soviética tinham de estabelecer algo em torno de 24 milhões de preços. Ninguém é capaz de estabelecer e mudar 24 milhões de preços de um modo que equilibrará eficientemente recursos e resultados.

Para isso, cada um dos 24 milhões de preços teria de ser comparado e estabelecido levando-se em conta cada um dos outros 24 milhões de preços, para que se produzissem incentivos a fim de que os recursos se direcionassem para onde eles estivessem em maior demanda pelos produtores, e os resultados se direcionassem aonde eles estivessem em maior demanda pelos consumidores.

Numa economia de mercado, contudo, ninguém assume tal tarefa impossível. Cada produtor e cada consumidor precisam somente se preocupar com relativamente poucos preços relevantes para suas próprias decisões, pois a coordenação da economia é deixada para a oferta e procura.

Em resumo, os amadores foram capazes de superar os profissionais em economia porque não assumiram tarefas além das capacidades de qualquer ser humano ou de qualquer grupo gerenciável de seres humanos.

Expressando de outra forma, os “especialistas” detêm apenas uma pequena porção de um vasto espectro de conhecimento necessário para tratar de muitas complicações do mundo real.

Nada é mais fácil para especialistas com aquela pequena porção de conhecimento do que imaginar que eles são muito mais sábios que os outros. O planejamento central é somente o fracasso mais evidente de tal pensamento. Os desastres de outros tipos de engenharia social são frutos do mesmo problema.

Os cirurgiões têm sucesso porque eles se atêm à cirurgia. Mas, se pusessem cirurgiões no controle da especulação de mercadorias, da justiça criminal ou de ciência espacial, eles provavelmente fracassariam, como desastradamente o fizeram os planejadores centrais.

Publicado por Townhall.com

Tradução de Antônio Emílio Angueth de Araújo

Fonte: Mídia Sem Máscara

Divulgação: www.juliosevero.com

04 setembro, 2008

Adolescentes que estudam em casa alcançam vitória surpresa em confronto com o governo

Adolescentes que estudam em casa alcançam vitória surpresa em confronto com o governo

Matthew Cullinan Hoffman

MINAS GERAIS, BRASIL (LifeSiteNews.com) — Numa vitória surpresa contra as autoridades governamentais que tentaram medidas legais contra uma família que ensina seus filhos em casa e se recusa a fazer parte do sistema escolar público, David e Jonatas Nunes passaram nos testes provando um elevado nível de conhecimento numa variedade de assuntos, inclusive história, ciências naturais, artes, esportes, computação e matemática.

Os testes dados aos filhos dos Nunes eram tão difíceis que os professores de escola pública confessaram que não conseguiriam passá-los. Os dois adolescentes, de 14 e 15 anos, tiveram só uma semana para estudar para vários dos testes que foram anunciados com só uma semana de antecedência.

Os exames foram feitos por ordem de um tribunal local numa tentativa de determinar se os Nunes haviam cometido o crime de “abandono intelectual”, o que poderia trazer como conseqüência uma multa pesada e possivelmente cadeia para os dois pais, bem como perda da guarda de seus três filhos.

Embora os adolescentes tivessem sido avisados com antecedência que seriam testados em matemática, geografia, ciência e história, eles foram informados apenas uma semana antes da data dos testes que eles também seriam testados em português, inglês, arte e educação física, inclusive questões sobre a história do handebol, basquete, futebol e outros esportes.

Apesar do curto tempo que receberam para estudar, ambos os adolescentes passaram nos testes, David alcançando 68% e Jonatas 65%, de acordo com Cleber Nunes, o pai dos adolescentes. Embora o governo não tenha ainda dado um veredicto nas notas, a nota mínima de aprovação nas escolas brasileiras é 60%.

“Os testes foram difíceis”, Nunes disse para LifeSiteNews. “Havia perguntas que são dadas nos exames de admissão das grandes universidades. Além disso, ficamos surpresos com a adição de quatro matérias, a apenas uma semana dos exames. Eles estudaram muito a fim de assimilar todo o material”.

“Para mim, o processo pelo qual eles passaram foi evidência muito forte de que eles estão, de fato, aprendendo a aprender”, disse Nunes.

“Eles estudaram a maioria das matérias sozinhos. Tivemos a ajuda de um professor de matemática. Eles estudaram o resto de suas matérias por conta própria. Eu lhes dei pouca orientação. Esse é o princípio do método que usamos”.

Nunes diz que agora ele quer que os estudantes de escolas públicas façam os mesmos testes que seus filhos fizeram. Ele diz que tem certeza de que não chegariam nem perto de passar, e aponta para o fato de que em testes internacionais os estudantes do Brasil produzem notas extremamente baixas.

O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes de 2007, o qual compara o desempenho estudantil, em 57 países, deu ao Brasil notas bem baixas em matemática, leitura e ciência. Em seu próprio Índice do Desenvolvimento da Educação Básica, as escolas públicas do Brasil alcançam entre 3.5 e 4.2, dependendo do nível do grau.

“É interessante que se esses mesmos testes fossem dados para estudantes de escolas públicas, a vasta maioria não os passaria”, disse Nunes, que observou que se falhar em tais testes deve ser considerado como crime, “então o próprio governo seria condenado já que seus órgãos confessam o fracasso total do sistema educacional que eles estão exigindo que nossos filhos freqüentem”.

A vitória dos Nunes ocorre depois de um ano e meio de lutas com as autoridades do governo brasileiro, que interpretam as leis existentes com o significado de que as pessoas não podem educar seus filhos em casa. Os Nunes dizem que tiraram seus filhos do sistema de escolas públicas por causa dos baixos padrões e imoralidade que permeiam o sistema.

Embora David e Jonatas Nunes já tivessem sido aprovados em exames de admissão para uma faculdade de direito com as idades de 13 e 14, os resultados foram insuficientes para as autoridades locais, que ameaçaram tirar de seus pais a guarda deles e tentaram cobrar deles uma multa excessiva. Os Nunes dizem que estão lutando o caso com a ajuda de advogados voluntários.

Leia mais:

Casal que ensina em casa poderá ser preso se seus filhos falharem em duros testes governamentais

http://juliosevero.blogspot.com/2008/08/casal-que-ensina-em-casa-poder-ser.html

Confronto contra a educação escolar em casa: crianças deverão ser testadas por tribunal em batalha sobre os direitos educacionais dos pais

http://juliosevero.blogspot.com/2008/08/confronto-contra-educao-escolar-em-casa.html

Governo brasileiro entra com ações criminais contra família que educa em casa e ameaça tomar os filhos

http://escolaemcasa.blogspot.com/2008/03/governo-brasileiro-entra-com-aes.html

Tradução e adaptação de Julio Severo: www.juliosevero.com

Fonte: LifeSiteNews

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